quarta-feira, 30 de março de 2011

Glamour Fora de Série


Esqueça o glamour! Esqueça as comédias cotidianas! Esqueça os dramas policiais, você está em (insira aqui o nome da cidade onde mora) e pega ônibus lotado duas vezes por dia!

E, neste exato momento nada glamouroso, nada parecido com a vinheta de qualquer série, eu estou pensando onde raios foi parar a gentileza. Senta que lá vem a história Rátimbum feelings mode on...

Cena 1
O ônibus lotado, sujo,velho e caindo aos pedaços que a Viplan empresa insiste em colocar para rodar e dizer que é novo (como diria a linda e loira Tay, "Aham senta lá, Cláudia") para no ponto. Você olha, se resigna e entra para não chegar tarde no trabalho.

Cena 2
Com a bolsa ou mochila na altura do nariz você faz contorcionismo até o meio do ônibus e, a partir dali, você não vai nem para frente nem para trás. Respira, não muito fundo senão ocupa mais espaço do que tem. Se resigna pela segunda vez em cinco minutos.

Cena 3
Você coloca a bolsa em cima dos pés porque nenhum fdp bom samaritano se dispôs a carregá-la para você. O casaco que se tornou desnecessário com tanto calor humano já foi devidamente enrolado em um braço. O outro você está usando para se segurar onde dá e como é possível. Se resigna pela terceira vez.

Cena 4
O ônibus nem saiu de (insira o nome do bairro ou cidade satélite) e você não tem mais como respirar, se mover ou se segurar com dignidade e já são três fileiras de outros coitados passageiros em pé como você no corredor. Nem dá para reclamar que tem um cara a um milímetro de distância porque ele também não tem aonde ficar.

Cena 5
A maldita do inferno moça simpática sentada na cadeira em frente de você se incomoda porque você está realmente em cima dela.
"Chega para lá, você está em cima de mim."
"Não dá, está super apertado aqui. Não tenho como me mexer."
"Mas não precisa ficar em cima de mim."
"Olha, também tem gente em cima de mim. Se você quiser trocar de lugar a gente troca!"
"Não, muito obrigada..."

Eu sei que me ensinaram em casa, na escola e em tudo quanto é lugar a ser boa, educada, fina... Mas não deu! Pelo amor de Deus! Se você não tenta ao menos ajudar é melhor não querer atrapalhar... É por isso que lá em cima eu perguntei onde foi parar a gentileza.

A pessoa está sentada (sabe-se que conforto no transporte público é muito relativo), vê 1465 outras em pé e não se interessa em pedir nem uma mochila, uma bolsa ou que fosse uma pastinha ou um casaco para segurar e facilitar um pouquinho a jornada do próximo. (Sim, o próximo também pega ônibus igual você.) Mas se acha no direito de se incomodar porque está espremida???

Desculpa, mesmo. Mas tem hora que não dá para aturar certas atitudes. Garanto que quando é ela em pé fica rezando para alguém ceder o lugar, se oferecer para levar a bolsa, etc. Se você gosta que façam por você, que tal fazer pelos outros também?

Resulta que a simpática desceu, eu sentei e me ofereci para carregar a bolsa pesada da menina em pé na minha frente. Logo depois ouvi um senhor se oferecer para levar a bolsa de outra menina. Sabe aquela frase clichê que se vê pregada em vidro de carro? Pois é, funciona. "Gentileza gera amor e paz." E faz o dia dos outros menos difícil, ao menos um pouquinho, acredite.

Ah, e não gente, eu não estou pagando de boa. De verdade eu sou chata, antissocial e fresca. Mas educação não me custa e geralmente eu uso a que tenho.

4 comentários:

  1. Gentileza gera gentileza.
    Mais o guria otária e babaca ein...dá licença.
    Putz o ônibus lotado e ela dando uma de minimalista...Oi? Flor? Tá incomodada vou trocar com o tarado rela rela ali da frente, assim vc fica mais feliz né.
    Tem gente que really....oh really me tira do sério.
    bjs
    Jana

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  2. Exatamente. Me foi impossível não sair do sério com a moça.

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  3. Vai ver que é falta de...como é mesmo....rsrs (cada um pense o que quiser que ela estava com falta, eu que não sou bobo de falar rsrs.)

    Se fosse a Jana tinha furado os dois olhinhos dela com um guarda-chuva...rsrs

    edsonquadros@

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  4. Querida amiga, adorei seu texto.
    As pessoas estão tão afastadas umas das outras e co tanto medo de que o "próximo" só queria seu mal, que por vezes até pensam em se oferecer para carregar alguma coisa para outra por estarem sentadas, mas depois desistem, afinal ... podem pensar que estou querendo roubar algo da bolsa dela" enfim, eu fui criada como vc e enquanto exister pessoas como nós, algumas receberão nossa atenção e gentileza e outras irão ouvir o que talvez nem pais, nem professores nunca foram capazes de lhes dizer.
    Beijos e saudades!

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